quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Características climato-botânicas regionais de Caxias – MA


O domínio de baixas latitudes, a grande extensão territorial, o relevo de baixas altitudes e o encontro de diferentes sistemas atmosféricos fazem da climatologia da Região Nordeste uma das mais complexas do mundo (NIMER, 1977; 1989).
Além disto, as bases de coleta de dados disponíveis são em número reduzido e apresentam má distribuição espacial. No caso específico do Estado do Maranhão, com seus 331.983 km² de área, encontram-se instaladas apenas 13 estações ao longo do seu território e três distribuídas entre as localidades de Ulianópolis – PA, Campos Lindos – TO e Santa Filomena – PI.
Nimer (1977) define quatro sistemas atmosféricos atuando no estado do Maranhão: as correntes perturbadas de sul, norte, este e oeste. Para Bizerra (1984) apenas dois desses sistemas atuam com mais intensidade no Maranhão e na bacia do Itapecuru: as correntes perturbadas de norte e de oeste. São elas que dão origem, respectivamente, à Massa Equatorial Atlântica e à Massa Equatorial Continental.
A massa Equatorial Atlântica forma os vento alísios de nordeste, cujos deslocamentos meridionais mais importantes ocorrem no verão-outono. Sua atuação determina, para o norte do Brasil, o regime pluviométrico denominado de Equatorial marítimo com totais pluviométricos que variam entre 1.000 e 1.600 mm.
A Massa Equatorial Continental origina-se na região equatorial amazônica sendo marcada, portanto, pelas baixas pressões e por ser uma área continental muito aquecida. Apresenta-se, portanto, instável e portadora de elevadas temperaturas e umidade. As amplitudes térmicas, diária e anual, são geralmente baixas. No verão, as calmarias e os ventos fracos atraem os ventos oceânicos e alísios provocando precipitações abundantes, do tipo convectivas, denominadas de aguaceiros tropicais (NIMER, 1977; BIZERRA, 1984; VAREJÃO-SILVA, 2005; TORRES e MACHADO, 2008).
A Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) é uma linha de instabilidade resultante da convergência das massas de ar Equatorial Atlântica e Equatorial Continental. Situada nas proximidades do Equador geográfico, para ela convergem os ventos constantes denominados de alísios de nordeste, quando procedentes do hemisfério norte, ou de sudeste quando realizam o percurso sul-norte.
Para Varejão-Silva (2005:347)
“a ZCIT se caracteriza por uma acentuada instabilidade atmosférica que favorece o desenvolvimento de intensas correntes ascendentes, com formação de grandes nuvens convectivas, geradoras de precipitação abundante. Fortes aguaceiros, acompanhados de relâmpagos e trovões são comuns em toda a ZCIT e, como sua posição oscila muito com o tempo, a precipitação gerada vai sendo distribuída sobre uma faixa de considerável largura”.
A dinâmica e o posicionamento da ZCIT são de grande importância para o território maranhense, porque influem decisivamente na quantidade e na qualidade das chuvas, quando o adentram até a altura do paralelo de 5º N, produzindo precipitações abundantes e quase diárias no verão-outono. Os dados disponíveis sobre as médias de pluviosidade e temperatura para municípios maranhenses dotados de postos pluviométricos são listados abaixo (Tabela 1).

Tabela 1 – Posição geográfica, médias de pluviosidade e temperatura para municípios maranhenses dotados de postos pluviométricos.
Cidade
Posição Aproximada
Pluviosidade
(mm/ano)
Temperatura
Média (ºC)
Barra do Corda
05 29' 48,56 S; 45 14' 54,59 W
1.244
25,7
Grajaú
05 48' 49,21 S; 46 28' 46,44 W
1.288
25,4
Imperatriz
05 31' 06,50 S; 47 28' 39,81 W
1.464
26,5
Caxias
04 51' 54,19 S; 43 21' 42,30 W
1.557
26,9
Carolina
07 20' 09,02 S; 47 27' 48,32 W
1.721
26,1
Zé Doca
03 16' 12,52 S; 45 39' 19,24 W
1.836
26,4
Turiaçu
01 39' 32,13 S; 45 22' 45,80 W
2.196
26,3
São Luis
02 31' 47,00 S; 44 18' 10,01 W
2.328
26,5
FONTE: Laboratório de Meteorologia – LABMET/UEMA
Organização: ARAÚJO, 2010
De um modo geral não se pode falar de grandes variações nos componentes climáticos do Estado, especialmente da amplitude térmica, onde as medias térmicas acima de 24º C são comuns, assim como chuvas de verão e outono (Figura 9), com índices pluviométricos superiores a 1.200 mm.
A distribuição espacial dos dados de temperaturas médias e das precipitações pluviométricas, conforme apresentado abaixo (Figura 13) permite as seguintes inferências:
1.  As precipitações diminuem de oeste para leste em função das modificações das características da massa equatorial continental em seu deslocamento oeste-leste, responsável pelas chuvas intensas de verão.
2.  Os maiores índices são observados na porção noroeste do território maranhense, que possui características amazônicas, como em Turiaçu, com 2.196 mm anuais e Zé Doca, com 1.836 mm ao ano.
3.  Comportamento semelhante ocorre na direção norte-sul: em São Luís chove, em média 2.328 mm, graças às influencias tanto da mEc quanto da mEa. Com o ligeiro aumento da continentalidade e uma pequena redução das temperaturas médias a pluviosidade de Barra do Corda reduz-se para 1.244 mm e para 1.288 mm, em Grajaú (Quadro 6).
 Figura 1 – Distribuição temporo-espacial das chuvas e da temperatura no Estado do Maranhão
FONTE: LABMET/UEMA.
Organização: ARAÚJO, 2010.
4.  Tropical: Aw – Predomina na parte centro-sul e sudeste do Maranhão. Corresponde ao clima que re­cebe a menor quantidade de chuva. A média pluviométrica anual é da ordem de 1.200 mm. As temperaturas são elevadas, com médias térmicas anuais entre 25 e 27 °C. Sob este clima a vegetação dominante é o cerrado. Montes (1997; p. 33) considera duas formações para esta parte do Maranhão: a Floresta Ombrófila, nas áreas um pouco mais úmidas, como Açailândia e Imperatriz e a da Floresta Estacional, onde decresce a pluviosidade, como na região de Grajaú (Figura 9).

5.  Tropical úmido: Aw’ – Clima predominante na maior parte do estado do Maranhão. Ocorre em toda a faixa litorânea, na baixada, no nordeste e na região dos cocais, onde está situado o municípios de Caxias. Caracteriza-se por apresentar índices pluviométricos regulares entre 1.600 e 1.800 mm. As temperaturas, mínimas, médias e máximas, são normalmente elevadas. A média anual é superior a 24 °C.