O domínio de baixas latitudes, a grande extensão
territorial, o relevo de baixas altitudes e o encontro de diferentes sistemas
atmosféricos fazem da climatologia da Região Nordeste uma das mais complexas do
mundo (NIMER, 1977; 1989).
Além disto, as bases de coleta de dados disponíveis são
em número reduzido e apresentam má distribuição espacial. No caso específico do
Estado do Maranhão, com seus 331.983 km² de área, encontram-se
instaladas apenas 13 estações ao longo do seu território e três distribuídas
entre as localidades de Ulianópolis – PA, Campos Lindos – TO e Santa Filomena –
PI.
Nimer (1977) define quatro sistemas atmosféricos atuando
no estado do Maranhão: as correntes perturbadas de sul, norte, este e oeste.
Para Bizerra (1984) apenas dois desses sistemas atuam com mais intensidade no
Maranhão e na bacia do Itapecuru: as correntes perturbadas de norte e de oeste.
São elas que dão origem, respectivamente, à Massa Equatorial Atlântica e à Massa
Equatorial Continental.
A massa Equatorial Atlântica forma os vento alísios de
nordeste, cujos deslocamentos meridionais mais importantes ocorrem no
verão-outono. Sua atuação determina, para o norte do Brasil, o regime
pluviométrico denominado de Equatorial marítimo com totais pluviométricos que
variam entre 1.000 e 1.600 mm.
A Massa Equatorial Continental origina-se na região
equatorial amazônica sendo marcada, portanto, pelas baixas pressões e por ser
uma área continental muito aquecida. Apresenta-se, portanto, instável e
portadora de elevadas temperaturas e umidade. As amplitudes térmicas, diária e
anual, são geralmente baixas. No verão, as calmarias e os ventos fracos atraem
os ventos oceânicos e alísios provocando precipitações abundantes, do tipo
convectivas, denominadas de aguaceiros tropicais (NIMER, 1977; BIZERRA, 1984; VAREJÃO-SILVA,
2005; TORRES e MACHADO, 2008).
A Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) é uma linha
de instabilidade resultante da convergência das massas de ar Equatorial
Atlântica e Equatorial Continental. Situada nas proximidades do Equador
geográfico, para ela convergem os ventos constantes denominados de alísios de
nordeste, quando procedentes do hemisfério norte, ou de sudeste quando realizam
o percurso sul-norte.
Para Varejão-Silva (2005:347)
“a
ZCIT se caracteriza por uma acentuada instabilidade atmosférica que favorece o
desenvolvimento de intensas correntes ascendentes, com formação de grandes
nuvens convectivas, geradoras de precipitação abundante. Fortes aguaceiros,
acompanhados de relâmpagos e trovões são comuns em toda a ZCIT e, como sua posição
oscila muito com o tempo, a precipitação gerada vai sendo distribuída sobre uma
faixa de considerável largura”.
A dinâmica e o posicionamento da ZCIT são de grande
importância para o território maranhense, porque influem decisivamente na
quantidade e na qualidade das chuvas, quando o adentram até a altura do
paralelo de 5º N, produzindo precipitações abundantes e quase diárias no
verão-outono. Os dados disponíveis
sobre as médias de pluviosidade e temperatura para municípios maranhenses
dotados de postos pluviométricos são listados abaixo (Tabela 1).
Tabela 1 – Posição geográfica, médias de pluviosidade e
temperatura para municípios maranhenses dotados de postos pluviométricos.
Cidade
|
Posição Aproximada
|
Pluviosidade
(mm/ano)
|
Temperatura
Média (ºC)
|
Barra do Corda
|
05 29' 48,56 S; 45 14' 54,59 W
|
1.244
|
25,7
|
Grajaú
|
05 48' 49,21 S; 46
28' 46,44 W
|
1.288
|
25,4
|
Imperatriz
|
05 31' 06,50 S; 47
28' 39,81 W
|
1.464
|
26,5
|
Caxias
|
04 51' 54,19 S; 43
21' 42,30 W
|
1.557
|
26,9
|
Carolina
|
07 20' 09,02 S; 47
27' 48,32 W
|
1.721
|
26,1
|
Zé Doca
|
03 16' 12,52 S; 45
39' 19,24 W
|
1.836
|
26,4
|
Turiaçu
|
01 39' 32,13 S; 45
22' 45,80 W
|
2.196
|
26,3
|
São Luis
|
02 31' 47,00 S; 44
18' 10,01 W
|
2.328
|
26,5
|
FONTE: Laboratório de Meteorologia – LABMET/UEMA
Organização:
ARAÚJO, 2010
De um modo geral não se pode falar de grandes variações
nos componentes climáticos do Estado, especialmente da amplitude térmica, onde
as medias térmicas acima de 24º C são comuns, assim como chuvas de verão e
outono (Figura 9), com índices pluviométricos superiores a 1.200 mm.
A distribuição espacial dos dados de temperaturas médias
e das precipitações pluviométricas, conforme apresentado abaixo (Figura 13) permite as seguintes
inferências:
1. As precipitações diminuem de oeste para leste em
função das modificações das características da massa equatorial continental em
seu deslocamento oeste-leste, responsável pelas chuvas intensas de verão.
2. Os maiores índices são observados na porção noroeste
do território maranhense, que possui características amazônicas, como em
Turiaçu, com 2.196 mm anuais e Zé Doca, com 1.836 mm ao ano.
3. Comportamento semelhante ocorre na direção
norte-sul: em São Luís chove, em média 2.328 mm, graças às influencias tanto da
mEc quanto da mEa. Com o ligeiro aumento da continentalidade e uma pequena
redução das temperaturas médias a pluviosidade de Barra do Corda reduz-se para
1.244 mm e para 1.288 mm, em Grajaú (Quadro 6).
Figura 1 – Distribuição temporo-espacial das chuvas
e da temperatura no Estado do Maranhão
FONTE:
LABMET/UEMA.
Organização: ARAÚJO, 2010.
4. Tropical: Aw – Predomina na parte
centro-sul e sudeste do Maranhão. Corresponde ao clima que recebe a menor
quantidade de chuva. A média pluviométrica anual é da ordem de 1.200 mm. As
temperaturas são elevadas, com médias térmicas anuais entre 25 e 27 °C.
Sob este clima a vegetação dominante é o cerrado. Montes (1997; p. 33)
considera duas formações para esta parte do Maranhão: a Floresta Ombrófila, nas
áreas um pouco mais úmidas, como Açailândia e Imperatriz e a da Floresta
Estacional, onde decresce a pluviosidade, como na região de Grajaú (Figura 9).
5. Tropical úmido: Aw’ – Clima
predominante na maior parte do estado do Maranhão. Ocorre em toda a faixa
litorânea, na baixada, no nordeste e na região dos cocais, onde está situado o municípios de Caxias.
Caracteriza-se por apresentar índices pluviométricos regulares entre 1.600 e
1.800 mm. As temperaturas, mínimas, médias e máximas, são normalmente elevadas.
A média anual é superior a 24 °C.