quinta-feira, 24 de junho de 2010

GEOLOGIA DO MARANHÃO II

I. CARACTERÍSITICAS DAS UNIDADES GEOLÓGICAS

Complexo Cristalino Indiviso

Aflora em pequenas faixas isoladas do baixo rio Gurupi e ao norte do Estado, no baixo rio Itapecuru. È constituído por rochas metamórficas predominando os migmatitos, gnaisses, quartzitos, anfibolitos, granitos e calcário cristalinos, localmente marmorizados. Sua idade é superior a 2.000 M.A.

Gupo Gurupi

O conjunto de rochas deste grupo apresenta-se com um alto grau de alteração, intensamente dobradas. O eixo das dobras esta orientado preferencialmente, na direção nordeste – sul - sudoeste.
Na sua composição predominam os filitos e xistos, cortados indiscriminadamente por veios de quartzo, em grande parte portadores de minerais de ouro. Afloram na porção noroeste do Estado, apresentando direção noroeste - sudeste. As rochas do grupo estão cobertas discordantemente pelo Complexo Cristalino Indiviso e pelas rochas mais jovens da bacia Piauí - Maranhão.

Granitos Brasilianos

Recobrem o Grupo Gurupi, a noroeste do Estado, formando duas manchas de tamanho desigual. Alem disso podem ser observadas duas outras ocorrências esparsas, próximo de Maranhão e da foz do rio Maracaçumé.

Formação Poti

É constituída pelos folhelhos carbonáceos situados estratigraficamente entre as Formações Longá e Piauí. Ocorre nas áreas leste, sudeste, sul e sudoeste da bacia do Parnaíba, não sendo constantes na porção centro – sul. No Maranhão, encontra-se no extremo sudeste do Estado, em Barão de Grajaú. Margeia as camadas sedimentares da formação Piauí, acompanhando a grosso modo, o contorno geológico da bacia do Parnaíba. Ao sul encontra-se recoberta pelos terrenos da Formação Urucuia e no extremo norte da bacia, pelos sedimentos mesozóico e cenozóicos.
A seção inferior é arenosa, constituída por arenitos finos a médios, de cores creme - esbranquiçadas, porosos, friáveis. Na faixa de contato com a Formação Longá, os arenitos são, por vezes, micáceos e esverdeados.
A seção superior é caracterizada por uma alternância de siltitos cinzas e cinza - escuros, arenitos finos e médios esbranquiçados e amarelados, homogêneos ou com estratificação cruzada, com níveis subordinados de folhelhos e siltitos cinza – escuro e pretos, por vezes carbonosos, contendo restos vegetais carbonizados ou laminados de carvão.

Formação Piauí

Aflora em sua maior parte na região sudeste e sul do estado, na área dissecada pelo rio Parnaíba e seus afluentes. Tanto seu contato inferior como superior são concordantes, o primeiro com a Formação Longá e o segundo com a Formação Pedra de Fogo.
A idade da Formação Piauí é atribuída ao Carbonífero por causa se seus macro e microfósseis. Predominam os arenitos finos e siltitos cinza - claro, amarelos e avermelhados bem estratificados. Ocorrem lentes de arenito conglomeráticos, geralmente com estratificação cruzada. Na parte média aparecem intercalações de siltitos e folhelos cinza - escuro e verdes contendo em alguns lugares fragmentos de plantas carbonizadas e leitos milimétricos de carvão. Leitos delgados de calcário, em geral dolomíticos fossilíferos, foram encontrados na parte superior da Formação.

Formação Pedra de Fogo

Aflora também predominantemente no sul do Estado. Sua idade permiana foi determinada com base em Psaronius e posteriormente confirmada por outros macro e microfósseis.
É constituída por arenitos, siltitos e folhelhos que se intercalam em proporções variadas; os arenitos são claros, finos e muito finos, enquanto os siltitos e folhelhos são de tonalidades vermelho - púrpura e verde, pouco micáceos e de baixa fusibilidade. Leitos e bancos de sílex estão presentes em vários níveis estratigráficos; leitos de gipsita, calcários brancos e aragonitas são mais freqüentes no topo da Formação.
Esta em grande parte recoberta, discordantemente pelas formações Sambaíba e Itapecuru. O contato inferior com a Formação Piauí é concordante, enquanto seu contato superior com a Formação Sambaíba é nitidamente discordante, sendo que certas áreas são marcadas por aglomerados de seixos de sílex.

Formação Mosquito

Designação dada aos derrames basálticos com intercalações de arenitos que afloram no rio Mosquito, ao sul de Fortaleza dos Nogueiras. Aguiar (op. cit.) descreve cinco membros para esta formação: basalto inferior, Macapá, basalto médio, Tiguí e basalto superior. Os membros Macapá e Tinguí são constituídos por arenitos vermelhos, com leitos de sílex e siltitos róseos com intercalções de sílex. O membro Tinguí não foi identificado pelos estudos realizados pelo CPRM ( Estudos Global dos Recursos Minerais da Bacia Sedimentar do Parnaíba. Integração geológica-metalogenética. Relatório final da Etapa III, volumes I e II) que concluíram que se trata do mesmo membro Sedimentar Macapá, constituído essencialmente por basaltos toleíticos, amigdaloidai, tendo apenas uma intercalação sedimentar lenticular e restrita à região de Fortaleza dos Nogueiras.
Os derrames basálticos da formação afloram principalmente na região centro – oeste da bacia sedimentar do Parnaíba, abrangendo a porção NW do Estado de Goiás e S – SW do Estado do Maranhão. Ocorrem ainda em faixas descontínuas, geralmente alinhadas nas direções W—E e SW-NE, nas proximidades de Riachão e Fortaleza dos Nogueiras, 130 metros; na serra das Alpercatas fica em torno de 4 metros, adelgaçando-se até desapareceer completamente nas proximidades de São Raimundo da Mangabeiras.

Formação Sambaíba

Aflora praticamente por todo o sul do Estado, cobrindo aproximadamente 10 a 15% do mesmo. Representa o conjunto de arenitos sobrepostos à Formação pedra de Fogo. Compõe-se predominantemente de arenitos róseos e avermelhados, finos e médios, bem selecionados e arredondados com estratificação cruzada, pouco argiloso, com finas intercalações de sílex.
O contato inferior com a Formação Pedra de Fogo é nitidamente discordante, geralmente marcado por aglomerações basal de seixos de sílex. As lavas basálticas estendem-se sobre uma superfície de erosão muito irregular do arenito Sambaíba.
A Formação Sambaíba é inferida a uma idade Triássica pela sua posição estratigráfica entre a Formação Pedra de Fogo do Permiano e Formação Mutuca. Para estes sedimentos continentais de ambiente desértico, foram feitos estudos palinológicos que lhes deram uma idade jurássica – Triássica.

Formação Mutuca

Aflora numa faixa contínua e relativamente estreita, margeando as escarpas da bacia sedimentar do Parnaíba, estendendo-se de leste para o este. É constituído por folhelhos de cor vermelho - tijolo, com lentes delgadas de calcário e anidrita; estão sobrejacentes aos estratos Pedra de Fogo.
Inicialmente a Formação Mutuca foi considerada como pertencente ao Triássico, por causa da ausência de fósseis e por ser mais jovem que a Formação permiana Pedra de Fogo ( Plummer, 1946). Entre os principais elementos mineralógicos componentes desta Formação, pode-se citar: quartzo, minerais de argila, mica, calcita, além dos secundários, gipsita, aragonita, sílex e atapulgita.

Formação Pastos Bons

Os sedimentos desta unidade apresentam áreas de exposição relativamente extensas.
Litologicamente apresentam duas seções distintas: inferior e superior. A inferior é iniciada geralmente por um conglomerado basal, cuja deposição varia em função da natureza dos estratos subjacentes. Quando se assenta sobre a Formação Pedra de Fogo é polimicto com seixos de sílex e quartzo, distribuídos em matriz areno - argilosa, esverdeada e esbranquiçada, localmente rósea com estratificação plano – paralela incipiente, variando de 0,6 a 1,0 metro. Por cima dos conglomerados basais estão os arenitos esverdeados, cremes e esbranquiçados; onde esta coloração se altera com delgados níveis, dá a rocha um aspecto listrado.
A seção superior é mais arenosa, constituída predominantemente por arenito róseo e avermelhado, tendo localmente manchas esbranquiçadas, causadas por descoloração supergênica.
A Formação Pastos Bons jaz concordantemente sob a Formação Corda de idade Jurássica Superior, datada com base em fósseis. Quando ocorrem os basaltos Mosquito (Triássico-Jurássico), A Formação Pastos Bons não é observada abaixo da Formação Corda, sendo esta última depositada em acentuada discordância erosiva sobre tais basaltos.
A Formação Pastos Bons é sempre discordante das formações que recobre. Observa-se ilitas e esmectitas no “mudstone” da formação em estudo. Estes argilo- minerais poderiam Ter sido derivados das alterações de basaltos e possivelmente passariam a integrar seus sedimentos.

Formação Corda

A Formação Corda aflora em uma faixa contínua ao longo de toda a região central da bacia do Parnaíba, estendendo-se desde as proximidades do rio Araguaia até a margem esquerda do rio Parnaíba, nas vizinhanças de Teresina, estreitando-se nas vizinhanças de Grajaú, o que acarreta o adelgaçamento de sua espessura.
A área, onde a unidade recobre os basaltos da Formação Mosquito, apresenta geralmente sua faixa basal constituída por arenitos conglomeráticos marrom - avermelhados e arroxeados, onde se observam esparsos blocos, de até 20 centímetros, de basalto alterado, imerso em uma matriz de arenito fino e médio, com estratificação plano - paralela incipiente, muito argilosa, com espessura geralmente em torno de 2 metros.
Onde esta unidade repousa diretamente sobre as outras formações mais antigas, estando ausentes os basaltos Mosquito, os conglomerados basais são pouco desenvolvidos e inexistentes, verificando-se apenas uma superfície de contato erodida acentuadamente ondulada.
A seção inferior é constituída por uma seqüência de arenitos argilosos marrom - avermelhados e arroxeados, finos e médios, por vezes bimodais, ocasionalmente grosseiros a conglomeráticos, pintalgados de caulim, com estratificação cruzada de grande parte e fortemente angulares, friáveis. As argilas que compõem os arenitos são da mesma coloração daquelas formadas pela alteração dos basaltos, evidenciando que tal material argiloso foi incorporado aos arenitos Corda após os basaltos terem sofrido erosão e alteração química por intemperísmo. Argilitos, siltitos argilosos e folhelhos marrom - avermelhados a arroxeados, homogêneos ou com microestratificação cruzada ondulada, por vezes descontínua, são intercalados nos arenitos com até 18 metros de espessura.
Na parte superior da seqüência observam-se bancos de arenitos arroxeados e marrom - avermelhados, médios a grosseiros, grãos arredondados e foscos com seixos de quartzo disperso, de até 2 centímetros de comprimento, tendo estratificação cruzada, planar de grande porte, friável. Apresenta fragmentos de argila arroxeada, formando níveis com distribuição irregular. Quando lixiviados, aparecem manchas irregulares de coloração esbranquiçadas. No topo das mesetas e chapadões dos arenitos Corda desenvolve-se geralmente camada laterítica de até 5 metros de espessura.
Formação Sardinha

Sua área de ocorrência é muito restrita, aflorando a sudoeste de Barra do Corda, entre as Malocas Sardinha e Baixão do Peixe, na margem esquerda do rio Corda e na bacia do rio Balseiro, afluente do Itapecuru, nas proximidades de Colinas – Paraibano. Sua espessura não foi medida, entretanto, não ulçtrapassa 20 metros.
Por toda a área de ocorrência, os basaltos, bem como as unidades Sambaíba, Grajaú, Codó e Itapecuru, sofreram intensos aplainamentos que, em associação com os relativamente espessos mantos residuais arenosos e a vegetação, dificultam a delineação dos contatos geológicos em trabalhos de fotogeologia.
Aguiar (op. Cit.) descreve o basalto como de cor preta e textura amigdaloidal, que se decompõem em material argiloso, vermelho – escuro e arroxeado.

Formação Codó

A Formação Codó é constituída pelos folhelhos betuminosos associaddos a calcários que afloram no vale do rio Itapecuru, na área de Codó e no vale do Mearim e afluentes, a montante de Pedreiras. De idade Cretácea, está em concordância sobre a Formação Corda e sob a Formação Itapecuru, admitindo discordâncias locais.
A seção inferior é constituída de conglomerados de pirita, passando a folhelhos cinza - esverdeados, fossilíferos e piritosos. A seção superior constitui-se por siltitos e arenitos finos, cinzas, carbonosos, com restos de vegetais carbonizados, micromicácios, calcíferos, piritosos duros.
As áreas de Formação Codó são geralmente restritas e descontínuas, normalmente ocupando os vales dos principais rios da porção central da bacia do Parnaíba, estendendo-se desde a área a norte da confluência do Tocantins com o Araguaia até o vale do Parnaíba, ao nordeste, próximo a Esperantina.

Formação Grajaú

A Formação Grajaú aflora na porção centro - oeste e parte da área centro - norte da bacia do Parnaíba, constituindo uma faixa relativamente estreita e descontínua, de direção aproximada E-W. seu limite oeste corresponde ao rio Tocantins estendendo-se para leste até o meridiano de 44º, próximo ao rio Itapecuru.
É composta essencialmente de arenitos esbranquiçados a cremes, finos a conglomeráticos com estratificação cruzada laminar, grão arredondados, friáveis e também endurecidos, silicificados.
Esta unidade recobre discordantemente as Formações Sambaíba, Mosquito e Corda. É afossilífera e considerada pertencente ao Cretáceo Inferior, pela sua equivalência crono - estratigráfica com a Formação Codó.

Formação Itapecuru

Estende-se praticamente por toda a metade norte do Estado, ocupando uma área de cerca de 50% do território estadual.
Com base em fósseis, a Formação Itapecuru é considerada pertencente ao Cretáceo Inferior. É constituída por arenitos finos, avermelhados, róseos, cinza – argilosos,geralmente com estratificação horizontal e ocasionalmente cruzada, com abundante silisificação na parte superior. Intercalam-se leitos de siltitos e folhelhos cinza – esverdeados e avermelhados. Em certas áreas aparece um conglomerados basal contendo seixos de basalto alterado.
O contato superior com a Formação Barreiras é discordante. Além do mais, a Formação Itapecuru pode recobrir qualquer Formação mais antiga.

Formação Urucuia

A Formação Urucuia são os arenitos ocorrentes ao sul da bacia do Parnaíba e que recobre discordantemente as demais unidades litoestratigráficas, considerada de idade Cretácea e equivalente à Formação Itapecuru. Topograficamente destaca-se das demais Formações circuvizinhas, por formar vastos platôs ou chapadas tabuliformes, de encostas escarpadas, constituindo três patamares sucessivos bem distintos.
A Formação Urucuia mostra uma seqüência monótona de arenitos, com raras intercalações de sílex e fácies carbonáticos inexpressivos em arenito basal. Seus constituintes mineralógicos são essencialmente quartzo e argilas, caulim. Como minerais secundários estão a turmalina, zircão e opacos. Não foram encontrados fósseis nesta Formação.

Grupo Barreiras

Aflora a nordeste do Estado, no triângulo formado pelas localidades de Buriti, Urbano Santos e Araioses. No oeste do Estado, forma tabuleiros isolados nas bacias do Gurupi e Pindaré, nas proximidades do limite com o Pará. É constituída por sedimentos clásticos, mal selecionados. As cores predominantes são o amarelo e o vermelho variando porém, de local para local, os arenitos existentes nessa Formação são caulínicos com lentes de folhelhos.
O grupo Barreiras assenta-se discordantemente sobre a Formação Itapecuru, sendo comum encontrar-se também sobre as Formações mais antigas; não é porém, recoberta por nenhuma outra Formação. Sua datação não é precisa pela ausência de fósseis; admite-se no enquanto, que seja do Terciário por englobar o calcário fossilífero Pirabas que pertence ao Mioceno Inferior.

Aluviões

Os depósitos aluvionares recentes são constituídos por cascalhos, areias e argilas inconsolidadas. Aparecem ao longo do litoral e com faixas estreitas e descontínuas, ao longo dos rios mais importantes: Tocantisn, Pindaré, Grajaú, Mearim e Paranaíba. Estes aluviões apresentam enriquecimento em minerais pesados, tais como ouro, cassiterita, magnetita, turmalina, zircão.

Dunas

Ocorrem no litoral nordeste a avançam em direção ao continente, até a uma distância de cinqüenta quilômetros da costa. Aquelas que aparecem afastadas das linhas de praia, apresentam-se fixas e possuem formas alongadas, cujo comprimento é orientado na direção nordeste – sudeste.
A geologia do Maranhão é razoavelmente conhecida dado a vasta bibliografia existente. Os trabalhos vão desde o mapeamento base até aqueles de cunho puramente específico, como os de prospeção de petróleo, água subterrânea, minerais radioativos até os de seleção de áreas com possibilidades de mineralização.
O projeto RADAM dá ênfase à importância econômica da região do médio rio Gurupi, recomendando um mapeamento mais detalhado para a área.
A Formação Itapecuru é a mais extensa, recobrindo grosseiramente 50% da área do Estado e suas possibilidades econômicas estão na gipsita.
As Formações Piauí, Pedra de Fogo e Simbaíba ocupam as áreas ao sul da Formação Itapecuru recobrindo grosseiramente 40% do Estado. Suas possibilidades econômicas estão no calcário, gipsita, talvez carvão mineral para as Formações Piauí e Pedra de Fogo; já para a Formação Sambaíba só foram evidenciadas materiais de construção civil.
A Formação Barreiras apresenta possibilidades econômicas quanto à bauxita e caulim, enquanto nos sedimentos quaternários (duna e aluviões) as possibilidades estão no material de construção civil e cerâmica.

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