quarta-feira, 14 de abril de 2010

GEOMORFOLOGIA DO MARANHÃO II


Este texto foi publicado no Atlas do Maranhão, editado pelo IBGE em 1984. Esperamos que nosso esforço para digitalização seja uma reparação do desaparecimento dos dois volumes que existiam no "Laboratório" de Geografia do CESC/UEMA. Oportunamente publicaremos outros textos desta preciosa fonte.
Boa leitura.

GEOMORFOLOGIA

A ação do fluxo e refluxo das correntes de marés é responsável pela distribuição dos sedimentos que tendem a acentuar os pontões lodosos, que avançam pelo mar, e pela formação de ilhas, as quais sugerem uma origem ligada ao fracionamento daqueles por ocasião das marés equinociais.

A sedimentação é favorecida pelo tipo de raízes características da vegetação de mangues, que constituem obstáculos ao deslocamento do fluxo das marés.

Em alguns pontos do litoral, como ao norte de Alcântara, as vagas, solapando as rochas da Formação Itapecuru, originaram escarpas que constituem verdadeiras falésias.

Para o interior, a área que antecede o litoral propriamente dito, apresenta diversificações, litológicas, que se traduzem na feição do relevo. Enquanto a leste da baia de Turiaçu predominam rochas cretáceas de Formação Itapecuru, originando formas tabulares, resultantes da dissecação da superfície de aplainamento, para oeste, as rochas pré-cambrianas do núcleo Gurupi originam um relevo colinoso, derivado da compartimentação de uma superfície de uma pré-cretácea que foi parcialmente exumada.

As grandes unidades geomorfológicas que podem ser identificadas no espaço maranhense são:

Chapadões chapadas e “cuestas” – ocupando quase toda a porção meridional, corresponde à área dos remanescentes da Superfície Sul-americana, que perde lentamente altitude em direção norte.

Superfície maranhense com testemunhos – corresponde a uma área aplainada durante a ciclo Velhas, dominada, em parte, por testemunhos tabulares da superfície de cimeira, principalmente na porção central do Estado, estendendo-se em direção ao litoral.

Golfão maranhense – área resultante do intenso trabalho da erosão fluvial do Quaternário antigo, posteriormente colmatada, originando uma paisagem de planícies aluviais, ilhas, lagoas rios divagantes. Constitui o coletor do principal sistema hidrográfico do Maranhão.

Lençóis maranhenses – corresponde às faixas litorânea e sublitorânea da porção oriental, constituídas por restingas, campos e deflação e dunas.

Litoral em “rias”- corresponde à porção ocidental, onde “rias” afogadas foram convertidas em planícies aluviais e são emolduradas externamente por pontões lodosos e ilhas que se formaram pela ação das marés.

BIBLIOGRAFIA

AB’SABER, A. N. – Contribuição à Geomorfologia do Estado do Maranhão – Notícia Geomorfológica, lll (5): 35-45 Universidade Católica de Campinas, 1960.

__________. Participação das superfícies aplainadas nas paisagens do Nordeste Brasileiro – Geomorfologia, 19:38 p. – USP, Instituto de Geografia, São Paulo, 1969.

BRAUN, O.P.G. – Estratigrafia dos sedimentos da parte inferior da Região Nordeste do Brasil (Bacias de Tucano-Jatobá, Mirandiba e Araripe). Divisão de Geologia e Mineralogia, D.N.P.M., Boletim 236,75 p. – Rio de Janeiro, 1966.

____________ . Contribuição à Geomorfologia da Bahia – Revista Brasileira de Geografia. 42 (4): 822-861, Rio de Janeiro, 1980.

CAMPBELL, D.F. et aliii – Relatório sobre a geologia da Bacia do Maranhão. Boletim número 1 – 150., Conselho Nacional de Petróleo, Rio de Janeiro, 1949.

CODEMINAS - Relatório do Projeto de cadastramento e investigação geológica de ocorrência minerais no Estado do Maranhão – Bacias dos rios Itapecuru e Mearim – Convênio SUDENE – CODEMINAS, São Luís, 1976.

DOMINGUES, A. J. P. et aliii – Geomorfologia – Projeto Cerrado l – Convênio IBGE – EMBRAPA, Relatório inédito, 1980.

FERREIRA, E. O. – Carta Tectônica do Brasil – Nota explicativa – D. N. P. M. – Boletim número 1, Rio de Janeiro, 1972.

KING, L. G. – A Geomorfologia do Brasil Oriental – Revista Brasileira de Geografia 18 (2): 3-121, IBGE, Rio de Janeiro, 1956.

LOCZY, L. de LADEIRA, E. A. – Geologia estrutural e introdução à geotectônica, 528 p., São Paulo, Editora E. Blücher Ltda., Rio de Janeiro, CNPq, 1976.

MOREIRA, A. A. N. – Relevo – Região Nordeste. Geografia do Brasil, Vol. 2: 1-45 IBGE, Rio de Janeiro, 1977.

REZENDE. W. M. e PAMPLONA. H. R. P. - Estudo do desenvolvimento do Arco Ferrer – Urbano Santos. Boletim Técnico, PETROBRÁS 13 (1/2): 5-14, jan/jun., Rio de janeiro, 1970.

SOUSA, S. A. de – Bacia do Mearim l – Características físicas e condições de navegabilidade. Saneamento 52 ( 3 e 4): 102-126, jul-dez., 1978 e 53 (1 e 2): 12-21. Jan-jun., 1979, DNOS, Rio de Janeiro.

VAN EYSINGA. F. W. B. – Geological Time Table – Composição, 3 a ed. 1975. Elsevier. Amisterdam, 1976.

Nenhum comentário: