quinta-feira, 24 de junho de 2010

GEOLOGIA DO MARANHÃO I


Retomamos a publicação dos textos do Atlas do Maranhão como havíamos feito anteriormente. A fonte é a mesma. Boa leitura.

GEOLOGIA DO MARANHÃO

A posição intracratônica do Meio-Norte (Maranhão – Piauí) favoreceu a formação de uma estrutura geológica sedimentar, constituindo vasta bacia cuja gênese está ligada as transgressões e regressões marinhas, combinadas com movimentos subsidentes e arqueamentos ocorridos desde o início do Paleozóico ao final do Mesozóico. Durante os movimentos negativos eram depositados sedimentos marinhos, acumulando-se arenitos, folhelhos e calcário, enquanto que durante os movimentos epirogênicos positivos depositaram-se sedimentos basálticos de origem continental.

Aguiar (1969) estudando a área concluiu que a Bacia Piauí - Maranhão, teve sua origem a partir da subsidência do “craton” ao longo de três eixos principais: o eixo Marajó de direção SE, infletindo depois para leste a partir do centro do Estado do Maranhão; outro eixo com direção SE passando próximo a Floriano e Santa Filomena e um terceiro com direção NE.

O ciclo de deposição marinha começou no Siluriano, continuando-se pelo Devoniano Inferior, Médio e Superior e terminou no Carbonífero Inferior com a Formação Poti que apresenta ao lado da fácies marinha, sedimentação continental. Essa parte da bacia sedimentar encontra-se em território piauiense, com muito pequena ocorrência da Formação Poti na região de Barão de Grajaú, no médio Parnaíba.

A parte maranhense da bacia corresponde ao Carbonífero Superior de fácies mista (marinha, lacustre, fluvial), ao Permiano predominantemente de fácies continental muito variável (Formação Pedra de Fogo) e ao Mesozóico, cujos sedimentos apresentam espessura variável. No período Triássico os depósitos continentais denunciam climas áridos ou semi-áridos.

No Juro-Cretáceo houve uma atividade ígnea ascenderam formando diques, derrames, “sills”, e pequenos lacolitos que deformaram localmente as camadas sedimentares. Ocorrem associados aos arenitos Sambaíba (Triássico) e se espalharam na parte central do geossinclinal, estendendo-se desde o oeste de Grajaú – Fortaleza do Nogueiras ao Tocantins. Tais ocorrências, por sua extensão, apresentam um interesse agrícola local devido à maior fertilidade de seus solos, quando comparada a dos demais do território maranhense.

Depois do período de atividade ígnea a deposição continental prosseguiu no centro – sul da bacia e a marinha começou nas partes central e noroeste (Formação Grajaú), continuando no Cretáceo Superior em áreas baixas do centro da bacia (Formação Codó).

Ainda durante o período Juro – Cretáceo movimentos tectônicos provocaram a formação de um “horst” de direção aproximada leste - oeste, denominado pelos geólogos Arco Ferrer- Urbano Santos, responsável pelos afloramentos de rochas pré-cambrianas, mais importantes na área do Gurupi, e pela fragmentação da grande bacia sedimentar, dando origem às bacias epicontinentais de São Luís e Barreirinhas.

A bacia de barreirinhas limita-se a oeste pelo “horst” de Rosário que a separa da bacia de São Luís; seu limite sul é dado pelo Arco Ferrer-Urbano Santos, estendendo-se em seguida para o oceano> sua espessura máxima é de 7.000 metros e ocupa uma área de 85.000 quilômetros quadrados, dos quais 75.000 são submersos.

No território maranhense tem-se do período Cenozóico (Plioceno – Pleisteceno) a extensa deposição de sedimentos continentais (Formação Barreiras) sobretudo, no nordeste do Estado e mantos detríticos areno-argilosos, recobrindo algumas pequenas áreas do centro sul do Estado.

O quaternário (Holoceno) é representado pelos depósitos litorâneos marinhos e depósitos eólicos, muito extensos na região de Barreirinhas - Humberto de Campos e por aluviões flúvio - marinhos do golfo maranhense e do estuário do rio Turiaçu.

As camadas sedimentares, de modo geral, se apresentam quase horizontais, com declives insignificantes para o norte, originado uma topografia tabular ou subtabular.

O sistema de falhas afeta, principalmente, a área meridional da Bacia do Maranhão, correspondente às formações permianas e triássicas e obedece às direções NW e NE. É um sistema incipiente quando comparado ao da Bacia do Paraná, pois não sofreu um tectonismo tão intenso.

Na área do Gurupi também é constatado um sistema de falhas, onde os esforços epirogênicos, provavelmente, reativaram antigas falhas originadas pelos movimentos responsáveis pela formação do Arco Ferrer – Urbano Santos.

As fraturas mais numerosas afetam, de forma indiscriminada, todas as formações geológicas até os terrenos terciários de Barreiras. Seguem direções variadas, influindo localmente na direção dos rios.

GEOLOGIA DO MARANHÃO II

I. CARACTERÍSITICAS DAS UNIDADES GEOLÓGICAS

Complexo Cristalino Indiviso

Aflora em pequenas faixas isoladas do baixo rio Gurupi e ao norte do Estado, no baixo rio Itapecuru. È constituído por rochas metamórficas predominando os migmatitos, gnaisses, quartzitos, anfibolitos, granitos e calcário cristalinos, localmente marmorizados. Sua idade é superior a 2.000 M.A.

Gupo Gurupi

O conjunto de rochas deste grupo apresenta-se com um alto grau de alteração, intensamente dobradas. O eixo das dobras esta orientado preferencialmente, na direção nordeste – sul - sudoeste.
Na sua composição predominam os filitos e xistos, cortados indiscriminadamente por veios de quartzo, em grande parte portadores de minerais de ouro. Afloram na porção noroeste do Estado, apresentando direção noroeste - sudeste. As rochas do grupo estão cobertas discordantemente pelo Complexo Cristalino Indiviso e pelas rochas mais jovens da bacia Piauí - Maranhão.

Granitos Brasilianos

Recobrem o Grupo Gurupi, a noroeste do Estado, formando duas manchas de tamanho desigual. Alem disso podem ser observadas duas outras ocorrências esparsas, próximo de Maranhão e da foz do rio Maracaçumé.

Formação Poti

É constituída pelos folhelhos carbonáceos situados estratigraficamente entre as Formações Longá e Piauí. Ocorre nas áreas leste, sudeste, sul e sudoeste da bacia do Parnaíba, não sendo constantes na porção centro – sul. No Maranhão, encontra-se no extremo sudeste do Estado, em Barão de Grajaú. Margeia as camadas sedimentares da formação Piauí, acompanhando a grosso modo, o contorno geológico da bacia do Parnaíba. Ao sul encontra-se recoberta pelos terrenos da Formação Urucuia e no extremo norte da bacia, pelos sedimentos mesozóico e cenozóicos.
A seção inferior é arenosa, constituída por arenitos finos a médios, de cores creme - esbranquiçadas, porosos, friáveis. Na faixa de contato com a Formação Longá, os arenitos são, por vezes, micáceos e esverdeados.
A seção superior é caracterizada por uma alternância de siltitos cinzas e cinza - escuros, arenitos finos e médios esbranquiçados e amarelados, homogêneos ou com estratificação cruzada, com níveis subordinados de folhelhos e siltitos cinza – escuro e pretos, por vezes carbonosos, contendo restos vegetais carbonizados ou laminados de carvão.

Formação Piauí

Aflora em sua maior parte na região sudeste e sul do estado, na área dissecada pelo rio Parnaíba e seus afluentes. Tanto seu contato inferior como superior são concordantes, o primeiro com a Formação Longá e o segundo com a Formação Pedra de Fogo.
A idade da Formação Piauí é atribuída ao Carbonífero por causa se seus macro e microfósseis. Predominam os arenitos finos e siltitos cinza - claro, amarelos e avermelhados bem estratificados. Ocorrem lentes de arenito conglomeráticos, geralmente com estratificação cruzada. Na parte média aparecem intercalações de siltitos e folhelos cinza - escuro e verdes contendo em alguns lugares fragmentos de plantas carbonizadas e leitos milimétricos de carvão. Leitos delgados de calcário, em geral dolomíticos fossilíferos, foram encontrados na parte superior da Formação.

Formação Pedra de Fogo

Aflora também predominantemente no sul do Estado. Sua idade permiana foi determinada com base em Psaronius e posteriormente confirmada por outros macro e microfósseis.
É constituída por arenitos, siltitos e folhelhos que se intercalam em proporções variadas; os arenitos são claros, finos e muito finos, enquanto os siltitos e folhelhos são de tonalidades vermelho - púrpura e verde, pouco micáceos e de baixa fusibilidade. Leitos e bancos de sílex estão presentes em vários níveis estratigráficos; leitos de gipsita, calcários brancos e aragonitas são mais freqüentes no topo da Formação.
Esta em grande parte recoberta, discordantemente pelas formações Sambaíba e Itapecuru. O contato inferior com a Formação Piauí é concordante, enquanto seu contato superior com a Formação Sambaíba é nitidamente discordante, sendo que certas áreas são marcadas por aglomerados de seixos de sílex.

Formação Mosquito

Designação dada aos derrames basálticos com intercalações de arenitos que afloram no rio Mosquito, ao sul de Fortaleza dos Nogueiras. Aguiar (op. cit.) descreve cinco membros para esta formação: basalto inferior, Macapá, basalto médio, Tiguí e basalto superior. Os membros Macapá e Tinguí são constituídos por arenitos vermelhos, com leitos de sílex e siltitos róseos com intercalções de sílex. O membro Tinguí não foi identificado pelos estudos realizados pelo CPRM ( Estudos Global dos Recursos Minerais da Bacia Sedimentar do Parnaíba. Integração geológica-metalogenética. Relatório final da Etapa III, volumes I e II) que concluíram que se trata do mesmo membro Sedimentar Macapá, constituído essencialmente por basaltos toleíticos, amigdaloidai, tendo apenas uma intercalação sedimentar lenticular e restrita à região de Fortaleza dos Nogueiras.
Os derrames basálticos da formação afloram principalmente na região centro – oeste da bacia sedimentar do Parnaíba, abrangendo a porção NW do Estado de Goiás e S – SW do Estado do Maranhão. Ocorrem ainda em faixas descontínuas, geralmente alinhadas nas direções W—E e SW-NE, nas proximidades de Riachão e Fortaleza dos Nogueiras, 130 metros; na serra das Alpercatas fica em torno de 4 metros, adelgaçando-se até desapareceer completamente nas proximidades de São Raimundo da Mangabeiras.

Formação Sambaíba

Aflora praticamente por todo o sul do Estado, cobrindo aproximadamente 10 a 15% do mesmo. Representa o conjunto de arenitos sobrepostos à Formação pedra de Fogo. Compõe-se predominantemente de arenitos róseos e avermelhados, finos e médios, bem selecionados e arredondados com estratificação cruzada, pouco argiloso, com finas intercalações de sílex.
O contato inferior com a Formação Pedra de Fogo é nitidamente discordante, geralmente marcado por aglomerações basal de seixos de sílex. As lavas basálticas estendem-se sobre uma superfície de erosão muito irregular do arenito Sambaíba.
A Formação Sambaíba é inferida a uma idade Triássica pela sua posição estratigráfica entre a Formação Pedra de Fogo do Permiano e Formação Mutuca. Para estes sedimentos continentais de ambiente desértico, foram feitos estudos palinológicos que lhes deram uma idade jurássica – Triássica.

Formação Mutuca

Aflora numa faixa contínua e relativamente estreita, margeando as escarpas da bacia sedimentar do Parnaíba, estendendo-se de leste para o este. É constituído por folhelhos de cor vermelho - tijolo, com lentes delgadas de calcário e anidrita; estão sobrejacentes aos estratos Pedra de Fogo.
Inicialmente a Formação Mutuca foi considerada como pertencente ao Triássico, por causa da ausência de fósseis e por ser mais jovem que a Formação permiana Pedra de Fogo ( Plummer, 1946). Entre os principais elementos mineralógicos componentes desta Formação, pode-se citar: quartzo, minerais de argila, mica, calcita, além dos secundários, gipsita, aragonita, sílex e atapulgita.

Formação Pastos Bons

Os sedimentos desta unidade apresentam áreas de exposição relativamente extensas.
Litologicamente apresentam duas seções distintas: inferior e superior. A inferior é iniciada geralmente por um conglomerado basal, cuja deposição varia em função da natureza dos estratos subjacentes. Quando se assenta sobre a Formação Pedra de Fogo é polimicto com seixos de sílex e quartzo, distribuídos em matriz areno - argilosa, esverdeada e esbranquiçada, localmente rósea com estratificação plano – paralela incipiente, variando de 0,6 a 1,0 metro. Por cima dos conglomerados basais estão os arenitos esverdeados, cremes e esbranquiçados; onde esta coloração se altera com delgados níveis, dá a rocha um aspecto listrado.
A seção superior é mais arenosa, constituída predominantemente por arenito róseo e avermelhado, tendo localmente manchas esbranquiçadas, causadas por descoloração supergênica.
A Formação Pastos Bons jaz concordantemente sob a Formação Corda de idade Jurássica Superior, datada com base em fósseis. Quando ocorrem os basaltos Mosquito (Triássico-Jurássico), A Formação Pastos Bons não é observada abaixo da Formação Corda, sendo esta última depositada em acentuada discordância erosiva sobre tais basaltos.
A Formação Pastos Bons é sempre discordante das formações que recobre. Observa-se ilitas e esmectitas no “mudstone” da formação em estudo. Estes argilo- minerais poderiam Ter sido derivados das alterações de basaltos e possivelmente passariam a integrar seus sedimentos.

Formação Corda

A Formação Corda aflora em uma faixa contínua ao longo de toda a região central da bacia do Parnaíba, estendendo-se desde as proximidades do rio Araguaia até a margem esquerda do rio Parnaíba, nas vizinhanças de Teresina, estreitando-se nas vizinhanças de Grajaú, o que acarreta o adelgaçamento de sua espessura.
A área, onde a unidade recobre os basaltos da Formação Mosquito, apresenta geralmente sua faixa basal constituída por arenitos conglomeráticos marrom - avermelhados e arroxeados, onde se observam esparsos blocos, de até 20 centímetros, de basalto alterado, imerso em uma matriz de arenito fino e médio, com estratificação plano - paralela incipiente, muito argilosa, com espessura geralmente em torno de 2 metros.
Onde esta unidade repousa diretamente sobre as outras formações mais antigas, estando ausentes os basaltos Mosquito, os conglomerados basais são pouco desenvolvidos e inexistentes, verificando-se apenas uma superfície de contato erodida acentuadamente ondulada.
A seção inferior é constituída por uma seqüência de arenitos argilosos marrom - avermelhados e arroxeados, finos e médios, por vezes bimodais, ocasionalmente grosseiros a conglomeráticos, pintalgados de caulim, com estratificação cruzada de grande parte e fortemente angulares, friáveis. As argilas que compõem os arenitos são da mesma coloração daquelas formadas pela alteração dos basaltos, evidenciando que tal material argiloso foi incorporado aos arenitos Corda após os basaltos terem sofrido erosão e alteração química por intemperísmo. Argilitos, siltitos argilosos e folhelhos marrom - avermelhados a arroxeados, homogêneos ou com microestratificação cruzada ondulada, por vezes descontínua, são intercalados nos arenitos com até 18 metros de espessura.
Na parte superior da seqüência observam-se bancos de arenitos arroxeados e marrom - avermelhados, médios a grosseiros, grãos arredondados e foscos com seixos de quartzo disperso, de até 2 centímetros de comprimento, tendo estratificação cruzada, planar de grande porte, friável. Apresenta fragmentos de argila arroxeada, formando níveis com distribuição irregular. Quando lixiviados, aparecem manchas irregulares de coloração esbranquiçadas. No topo das mesetas e chapadões dos arenitos Corda desenvolve-se geralmente camada laterítica de até 5 metros de espessura.
Formação Sardinha

Sua área de ocorrência é muito restrita, aflorando a sudoeste de Barra do Corda, entre as Malocas Sardinha e Baixão do Peixe, na margem esquerda do rio Corda e na bacia do rio Balseiro, afluente do Itapecuru, nas proximidades de Colinas – Paraibano. Sua espessura não foi medida, entretanto, não ulçtrapassa 20 metros.
Por toda a área de ocorrência, os basaltos, bem como as unidades Sambaíba, Grajaú, Codó e Itapecuru, sofreram intensos aplainamentos que, em associação com os relativamente espessos mantos residuais arenosos e a vegetação, dificultam a delineação dos contatos geológicos em trabalhos de fotogeologia.
Aguiar (op. Cit.) descreve o basalto como de cor preta e textura amigdaloidal, que se decompõem em material argiloso, vermelho – escuro e arroxeado.

Formação Codó

A Formação Codó é constituída pelos folhelhos betuminosos associaddos a calcários que afloram no vale do rio Itapecuru, na área de Codó e no vale do Mearim e afluentes, a montante de Pedreiras. De idade Cretácea, está em concordância sobre a Formação Corda e sob a Formação Itapecuru, admitindo discordâncias locais.
A seção inferior é constituída de conglomerados de pirita, passando a folhelhos cinza - esverdeados, fossilíferos e piritosos. A seção superior constitui-se por siltitos e arenitos finos, cinzas, carbonosos, com restos de vegetais carbonizados, micromicácios, calcíferos, piritosos duros.
As áreas de Formação Codó são geralmente restritas e descontínuas, normalmente ocupando os vales dos principais rios da porção central da bacia do Parnaíba, estendendo-se desde a área a norte da confluência do Tocantins com o Araguaia até o vale do Parnaíba, ao nordeste, próximo a Esperantina.

Formação Grajaú

A Formação Grajaú aflora na porção centro - oeste e parte da área centro - norte da bacia do Parnaíba, constituindo uma faixa relativamente estreita e descontínua, de direção aproximada E-W. seu limite oeste corresponde ao rio Tocantins estendendo-se para leste até o meridiano de 44º, próximo ao rio Itapecuru.
É composta essencialmente de arenitos esbranquiçados a cremes, finos a conglomeráticos com estratificação cruzada laminar, grão arredondados, friáveis e também endurecidos, silicificados.
Esta unidade recobre discordantemente as Formações Sambaíba, Mosquito e Corda. É afossilífera e considerada pertencente ao Cretáceo Inferior, pela sua equivalência crono - estratigráfica com a Formação Codó.

Formação Itapecuru

Estende-se praticamente por toda a metade norte do Estado, ocupando uma área de cerca de 50% do território estadual.
Com base em fósseis, a Formação Itapecuru é considerada pertencente ao Cretáceo Inferior. É constituída por arenitos finos, avermelhados, róseos, cinza – argilosos,geralmente com estratificação horizontal e ocasionalmente cruzada, com abundante silisificação na parte superior. Intercalam-se leitos de siltitos e folhelhos cinza – esverdeados e avermelhados. Em certas áreas aparece um conglomerados basal contendo seixos de basalto alterado.
O contato superior com a Formação Barreiras é discordante. Além do mais, a Formação Itapecuru pode recobrir qualquer Formação mais antiga.

Formação Urucuia

A Formação Urucuia são os arenitos ocorrentes ao sul da bacia do Parnaíba e que recobre discordantemente as demais unidades litoestratigráficas, considerada de idade Cretácea e equivalente à Formação Itapecuru. Topograficamente destaca-se das demais Formações circuvizinhas, por formar vastos platôs ou chapadas tabuliformes, de encostas escarpadas, constituindo três patamares sucessivos bem distintos.
A Formação Urucuia mostra uma seqüência monótona de arenitos, com raras intercalações de sílex e fácies carbonáticos inexpressivos em arenito basal. Seus constituintes mineralógicos são essencialmente quartzo e argilas, caulim. Como minerais secundários estão a turmalina, zircão e opacos. Não foram encontrados fósseis nesta Formação.

Grupo Barreiras

Aflora a nordeste do Estado, no triângulo formado pelas localidades de Buriti, Urbano Santos e Araioses. No oeste do Estado, forma tabuleiros isolados nas bacias do Gurupi e Pindaré, nas proximidades do limite com o Pará. É constituída por sedimentos clásticos, mal selecionados. As cores predominantes são o amarelo e o vermelho variando porém, de local para local, os arenitos existentes nessa Formação são caulínicos com lentes de folhelhos.
O grupo Barreiras assenta-se discordantemente sobre a Formação Itapecuru, sendo comum encontrar-se também sobre as Formações mais antigas; não é porém, recoberta por nenhuma outra Formação. Sua datação não é precisa pela ausência de fósseis; admite-se no enquanto, que seja do Terciário por englobar o calcário fossilífero Pirabas que pertence ao Mioceno Inferior.

Aluviões

Os depósitos aluvionares recentes são constituídos por cascalhos, areias e argilas inconsolidadas. Aparecem ao longo do litoral e com faixas estreitas e descontínuas, ao longo dos rios mais importantes: Tocantisn, Pindaré, Grajaú, Mearim e Paranaíba. Estes aluviões apresentam enriquecimento em minerais pesados, tais como ouro, cassiterita, magnetita, turmalina, zircão.

Dunas

Ocorrem no litoral nordeste a avançam em direção ao continente, até a uma distância de cinqüenta quilômetros da costa. Aquelas que aparecem afastadas das linhas de praia, apresentam-se fixas e possuem formas alongadas, cujo comprimento é orientado na direção nordeste – sudeste.
A geologia do Maranhão é razoavelmente conhecida dado a vasta bibliografia existente. Os trabalhos vão desde o mapeamento base até aqueles de cunho puramente específico, como os de prospeção de petróleo, água subterrânea, minerais radioativos até os de seleção de áreas com possibilidades de mineralização.
O projeto RADAM dá ênfase à importância econômica da região do médio rio Gurupi, recomendando um mapeamento mais detalhado para a área.
A Formação Itapecuru é a mais extensa, recobrindo grosseiramente 50% da área do Estado e suas possibilidades econômicas estão na gipsita.
As Formações Piauí, Pedra de Fogo e Simbaíba ocupam as áreas ao sul da Formação Itapecuru recobrindo grosseiramente 40% do Estado. Suas possibilidades econômicas estão no calcário, gipsita, talvez carvão mineral para as Formações Piauí e Pedra de Fogo; já para a Formação Sambaíba só foram evidenciadas materiais de construção civil.
A Formação Barreiras apresenta possibilidades econômicas quanto à bauxita e caulim, enquanto nos sedimentos quaternários (duna e aluviões) as possibilidades estão no material de construção civil e cerâmica.

GEOLOGIA DO MARANHÃO III

II. PRINCIPAIS OCORRÊNCIAS MINERAIS

As ocorrências minerais do Estado do Maranhão são variadas, no entanto apenas as que apresentam potencialidades econômicas serão referidas: calcário, gipsita, bauxita, ouro, cobre, diamante, opala, urânio, e manganês.

Calcário – apresenta larga distribuição regional, destacando-se quatro grandes grupos de concentração:

-parte da divisa do Maranhão – Goiás com direção aproximada oeste – leste até a localidade de Presidente Dutra, daí inflete seguindo rumo nordeste, acompanhando aproximadamente o rio Parnaíba, até atingir o Atlântico;
-faixa de ocorrência da costa atlântica;
-conjunto de ocorrências do sudeste do Estado;
-ocorrências do alto rio Balsas e Tocantins.

A distribuição no tempo dessas ocorrências e jazimentos é grande, estendendo-se desde o Carbonífero (Formação Piauí) até o Mioceno Inferior (Formação Pirabas). É encontrado também na Formação Pedra de Fogo, aflorando em vários locais (Carolina, Benedito Leite) e posicionando-se estratigraficamente no topo. Os alinhamentos dessas ocorrências calcárias no Estado levam os pesquisadores a supor a existência de uma continuidade lateral desses depósitos.

Gipsita – apresenta uma ampla distribuição, semelhante ao calcário. As ocorrências agrupam-se desde a divisa de Goiás, a sudeste do Maranhão até a sua porção nordeste, nas proximidades do baixo rio Parnaíba. Apenas algumas ocorrências esparsas são observadas ao norte, próximo ao litoral.
É encontrado na Formação Codó, que no Maranhão é considerada como facies de Formação Itapecuru, sendo também constante nos sedimentos de Formação Pedra de Fogo, intercalada aos calcários existentes no topo dessa Formação.

Ouro - as ocorrências da região do Gurupi – Maracaçumé são conhecidas desde o século XVIII e constituem uma possível província aurífera com áreas superior a 30.000 km2.destacam-se os vales dos ros Turiaçu, Maracaçumé, Grajaú e Gurupi.
Oliveira calcula que a relação da área conhecida para a área mineralizada seja de cerca de 1/ 33. Segundo geólogos que estudaram a área, são três os tipos de jazimento de ouro na região: filonianos ( associados a veios de quartzo, contendo os metassedimentos do Grupo Gurupi), coluviões e placers.
A faixa de ocorrência deste metal apresenta uma direção grosseiramente NW – SE, estendendo-se desde Montes Áureos até s serra dos Macacos ( proximidades da BR – 316), daí seguindo os aluviões dos rios que compõem as bacias Gurupi – Maracaçumé, até as proximidades da costa atlântica.
Não foram realizados estudos visando o conhecimento da potencialidade econômica dessa província aurífera, mas acredita-se que seja uma das maiores do país, por referências históricas e pelo grande número de garimpos outrora existentes.

Bauxita Fosforosa – as reservas estão distribuídas na serra de Pirocaua (município de Godofredo Viana), e Ilha Trauíria (município de Cândido Mendes).
Na serra de Pirocaua o minério aflora em blocos de dimensões consideráveis, estendendo-se como um jazimento uniforme, delimitado na periferia por taludes cobertos de densa vegetação.
As reservas medidas em 1977 eram de 9. 855.825 toneladas, com espessura de 25 a 30 metros, recoberta por um manto de chapéu de ferro com dois metros de espessura, sendo o teor médio de 11,82% de P2O5. As reservas da Ilha Trauíra atingem 8,5 milhões de toneladas, com um teor médio de 16% de P2O5.
Devido ao grande teor de fósforo existem projetos de aproveitamento industrial dessa bauxita em fertilizantes e suplementos minerais.

Cobre – são poucas as ocorrências registradas e estas estão relacionadas ao magmatismo básico, ocorrendo ao longo da bacia do Parnaíba.

Diamante - são encontrados nos conglomerados básicos cretáceos nos depósitos aluvionares terciários, em palio e em neo – aluviões.

Opala – é encontrado nos estratos arenosos, constituindo um exemplo de mineralização epigenética, relacionada aos diques e soleiras de diabásio e fraturas de arenito.

Urânio – poucas ocorrências disseminadas em arenitos grosseiros, concentrados em falhas onde as águas subterrâneas percolantes trouxeram sais solúveis de urânio, os quais se precipitaram em associação com limonita.

Manganês e Ferro – as ocorrências de manganês e ferro estão relacionadas a diabásios inclusos nos diversos estratos sedimentares paleozóicos e não apresentam, em razão da sua tipologia, possibilidades de aproveitamento comercial.

BIBLIOGRAFIA


1.AGUIAR, G. de – Bacia do Maranhão, geologia e possibilidades de petróleo, Belém, PETROBRÁS – RENOR, 1969 (Relatório técnico interno, 371).
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3.Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais (CPRM). – Estudo Global dos Recursos Minerais da Bacia Sedimentar do Parnaíba (inédito). Integração Geológica Metalogenética - Relatório Final da Etapa III, volumes I e II (inédito).
4.Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPN). – Projeto RADAM, Folha AS-24 Fortaleza, AS-23 São Luís: Geologia, Geomorfologia, Solos, Vegetação e Uso Potencial da Terra, Rio de Janeiro, 1973 (Levantamento de Recursos Naturais, 4).
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6.Maranhão, Avaliação Regional do Setor Mineral, Boletim nº 44, 1977.
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9.PLUMMER, F. B. et alii. – Estado do Maranhão e Piauí. Relatório do Conselho Nacional do Petróleo, Rio de Janeiro, 1946. 87 – 134. 1948.