ARGENTO, M. S. F. Mapeamento geomorfológico. In: Guerra, A.J.T. e Cunha, S. B. (org.) Geomorfologia: uma atualização de bases e conceitos. 3. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.p. 365-392.
1. Aplicabilidade dos Mapeamentos Temáticos em Geomorfologia
“A Geomorfologia serve de base para a compreensão das estruturas espaciais, não só em relação à natureza física dos fenômenos, como a natureza sócio-econômica dos mesmos”. (p. 366)
“A utilização de tais mapas contribuirá, certamente, para a elucidação de problemas erosivos e deposicionais que, porventura, venham a ocorrer em áreas de grande extensão, assim como viabilizará, mediante entrecruzamentos com outros mapeamentos temáticos, a elaboração de cenários ambientais, como por exemplo, áreas de instabilidade de taludes e de erodibilidade, e ainda áreas de risco de movimento de massa e inundação”. (p. 367)
“O planejamento, tanto nas escalas regionais como nas de maior detalhamento, de maneira geral, não tem considerado as características impostas pelo meio físico, principalmente por não haver uma base de dados que atrele as diferentes escalas cartográficas com as respostas, no nível taxonômico”. (p. 368)
“O grande potencial na aplicação de mapeamentos geomorfológicos está no interfaceamento com os projetos de planejamento da ocupação humana, com vistas à economia dos recursos investidos, mediante a prevenção de problemas futuros”. (p. 368)
“As duas primeiras situações atendem, essencialmente, a produtos voltados ao planejamento regional ou a trabalhos de macrozoneamentos...” (p. 368)
DOMÍNIOS MORFOESTRUTURAIS – características geológicas (direções estruturais, controle de drenagem,...): cadeias dobradas, antigas geossinclinais, estruturas falhadas, maciços intrusivos e grandes derrames efusivos
REGIÕES GEOMORFOLÓGICAS – “compartimentação reconhecida em termos regionais”; “o fator clima é preponderante (…) associando processos geradores a formas resultantes”.
Segue legenda de mapeamento em escala regional: 1: 1.000.000; 1;500.000.
UNIDADES GEOMORFOLÓGICAS – para mapeamentos aferidos a uma escala de 1:50.000; arranjo de formas fisionomicamente semelhantes em seus tipos de modelados (geomorfogênese, fatores paleoclimáticos, comportamento da drenagem, condicionantes litológicos ou tectônicos, etc.). “(...) cabem como legenda: os tipos de drenagem (perene, intermitente), presença de lagoas e de represamentos; localização de anfiteatros, cristas assimétricas ou simétricas, escarpas de chapadas ou de blocos falhados, colos, patamares, topos, contato angular e/ou contato côncavo entre baixas vertentes e baixada, terraços, linhas de falésias, (...), talude de detritos, planícies fluviais, etc.
TIPOS DE MODELADOS – ideal para planejamento municipal; formas com similitude geométrica, gênese comum, generalização de processos morfogenéticos comuns. As quatro tipos prioritários:
o de acumulação: fluvial, marinha, fluviomarinha, lacustre, fluviolacustre, eólica, coluvial e de inundação;
o de aplainamento: pediplanos degradados;
o de dissecação: topos convexos, tabulares e aguçados, ravinamentos e voçorocamentos
o de dissolução (karst)
“Para elaboração de mapeamento geomorfológicos por iniciantes, é aconselhado, em nível de metodologia, um primeiro contato com a base conceitual, buscando atrelar as formas resultantes aos processos geradores e modificadores dessas formas e à respectiva constituição do terreno e sua ocupação (uso do solo). Esse caminho facilitará, posteriormente, a delimitação dos polígonos nas diferentes escalas aqui preconizadas. Torna-se, ainda, importante o controle de campo no nível de todas as escalas de detalhamento a fim de se ter confiabilidade no produto final”. (p.383)
3. A Moderna Tecnologia
Parâmetros dos mapeamentos temáticos:
o Boa base conceitual em Geomorfologia;
o Escolha das legendas;
o Utilização do sensoriamento remoto e processamento digital (macro e mesoescalas);
o Uso de cartografia computadorizada.
“(…) para projetos de gerenciamento ambiental ou, até mesmo, de gestão territorial, o mapeamento temático em bases geomorfológicas, não necessita do emprego de uma refinada técnica cartográfica, já que a base dos diferentes planos de informação é ajustada aos mapas planialtimétricos, e esses, sim, devem ser elaborados segundo uma rígida base cartográfica. Este fato, no entanto, não implica fugir das regras cartográficas básicas afim de que se chegue a um produto que represente mapeamento geomorfológico confiável”. (p. 384)
“A utilização de alguns softwares, com resolução, hoje em dia, se constitui numa ferramenta de trabalho muito usada para elaboração de mapas temáticos, como os geomorfológicos.” (p. 384). Menciona CAD, SGBD, MDT e PDI, “cada um, porém, tem sua função particular e suas pecuiaridades”.
4. Mapeamentos Geomorfológicos como Suporte ao Planejamento Ambiental
“Projetos relacionados a planejamento ambiental tem contado com o suporte operacional de Sistemas de Informações Geográficas. A utilização dessa metodologia traz embutida a elaboração de um conjunto de carta temáticas, em que o mapeamento geomorfológico se traduz numa carta fundamental para ser entrecruzada a outros planos de informação e gerar cenários ambientais, quer no nível urbano, rural ou regional”. (p. 385)
“(...) os mapeamentos geomorfológicos saem do contexto academicista e se expandem ao nível de associação multidisciplinar, abrindo, com isso, possibilidades de ampliação do mercado de trabalho especializado”. (idem)
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